segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Estilo chão: arquitetura


Igreja de Nossa Senhora da Graça de Olinda, uma das mais antigas do Brasil (finais do século XVI).

Fonte: wikipedia

São edifícios basilicais com duas torres sineiras, de nave única, capela mor profunda, naves laterais transformadas em capelas interligadas (pequenas portas de comunicação), interior sem decoração e exterior com portal janelas e muito simples. É um tipo de edifício muito prático, permitindo ser construído por todo o império com pequenas adaptações, e pronto a receber decoração quando se pensar ser conveniente ou existirem recursos económicos disponíveis. Teve grande sucesso porque permite transformar através da talha dourada, pintura, azulejo, etc. espaços áridos em aparatosos cenários decorativos. O mesmo se poderia aplicar aos exteriores. Permitem posteriormente aplicar decoração ou simplesmente construir o mesmo tipo de edifício adaptando a decoração ao gosto da época e do local. Prático e económico. Nasce da necessidade de desenvolver uma forma de arquitectura que seja possível construir por todo o império, desde Portugal até à Índia passando pelo Brasil, facilmente executável e económica. Para a compreender na sua totalidade é fundamental ter presente o seu carácter funcional e o espaço do império. Desenvolveu-se uma tipologia elegante permitindo o frágil equilíbrio entre a implantação portuguesa e os modelos decorativos locais. O resultado foi muito engenhoso, pois esta arquitectura manteve-se por mais de um século e como era muito prática, adaptando-se com facilidade através da decoração, condicionou o desenvolvimento do barroco nos territórios controlados por Portugal. Mal compreendida pala História da Arte, que deseja ver modelos italianos ou franceses, começou apenas nos anos 80 do século XX a ser compreendida pelo seu engenho e inteligência.

Os primeiros templos religiosos construídos no Brasil seguiam o estilo tardo-renascentista ou maneirista português, conhecido como estilo chão. Esta estética caracteriza-se pelas fachadas compostas por figuras geométricas básicas, frontões triangulares, janelas próximas ao quadrado e paredes marcadas pelo contraste entre a pedra e as superfícies brancas, de caráter bidimensional.[10] A decoração é escassa e circunscrita em geral aos portais, ainda que os interiores são ricos em altares, pinturas e azulejos.

Assim, as primeiras igrejas brasileiras tem nave e capela-mor de planta retangular, com uma ou três naves, janelas simples e uma fachada retangular ou quadrada encimada por um frontão triangular, podendo ter uma ou duas torres laterais. Ao longo do século XVII aparecem frontões adornados com volutas de caráter maneirista. Nessa primeira fase, os principais modelos das igrejas coloniais foram as igrejas de São Roque e São Vicente de Fora de Lisboa.


Igreja jesuíta de São Pedro da Aldeia, construída a partir de 1617.Hoje em dia restam poucos exemplos da arquitetura quinhentista no Brasil, uma vez que boa parte das edificações mais antigas foi ou destruída ou muito alterada. Exemplos raros de arquitetura religiosa quinhentista são a Igreja Matriz de São Cosme e São Damião de Igarassu (começada em 1535 e depois reformada) e a Igreja da Graça em Olinda, construída no último quartel do século XVI, com uma fachada maneirista inspirada na Igreja de São Roque de Lisboa. O arquiteto desta última, irmão Francisco Dias, havia trabalhado na construção da igreja lisboeta e projetou outras igrejas jesuítas no Brasil com arquitetura similar.[11][12]

Desde o século XVI, os jesuítas construíram igrejas e colégios em regiões isoladas para promover a conversão dos indígenas ao Cristianismo. Alguns exemplos importantes de igrejas jesuítas dos primeiros tempos da colonização são as de São Pedro d'Aldeia (RJ), Nova Almeida (ES), Embu (SP) e a Capela de São Miguel em São Miguel Paulista (SP), todas datando do século XVII ou início do XVIII.[13][14] Na metrópole de São Paulo, que surgiu ao redor de um aldeamento jesuíta, a fachada seiscentista da antiga igreja e colégio jesuíta (conhecido como Pátio do Colégio) foi reconstruída fielmente com base em iconografia antiga. A fachada mostra os traços seiscentistas do estilo chão inicial, inclusive com um frontão triangular. Em contraste, no Rio de Janeiro, a importante igreja jesuítica do Morro do Castelo, fundada em 1567, foi demolida em 1922 na reurbanização da área onde se localizava.[15] Semelhantes às de São Paulo e Rio foram a igreja e colégio jesuítas de Santos,[12] demolidos no século XIX mas bem conhecidos por plantas e desenhos.

Um comentário:

  1. Durante o texto você colocou [10]. Isso seria a fonte da informação? Onde eu encontro a referência?

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